Preparação Psicológica

Imagino que você esteja ansioso sobre dicas de pilotagem propriamente ditas. Mas ainda não chegou a hora de sentar no carro e acelerar. Como já vimos na dica anterior, muito antes de assinar a ficha de inscrição para uma competição, piloto e navegador precisam se preocupar com dois assuntos fundamentais: sua preparação física e psicológica. Sobre o primeiro quesito, nós já conversamos. Agora vamos falar sobre a importância da preparação psicológica, pois para se obter um melhor desempenho numa prova, ela é fundamental.

Uma competição exige extrema concentração dos competidores para se atingir a perfeição na arte da pilotagem. A perfeição é resultado de uma equação bastante simples: de um lado temos a parte técnica, ou a habilidade de fazer muito bem determinada tarefa (hemisfério esquerdo do cérebro) e de outro lado (literalmente) temos a parte emocional, ou a capacidade de lidar com as pressões externas (hemisfério direito do cérebro). É muito provável que você já tenha se deparado com uma situação bem conhecida de todos. Existe uma determinada tarefa que você sabe executar com perfeição, mas que, por qualquer razão, em algum momento você não conseguiu se concentrar para executar bem aquela tarefa repetida tantas vezes ao longo de sua vida.

As pressões externas numa competição podem ser de várias naturezas. Pressão por resultados para o patrocinador, ”obrigação de chegar em primeiro”. Pressão causada pela comparação de tempos com o colega de uma mesma equipe, “obrigação de fazer o mesmo tempo”. Pressão causada pela mídia, “efeito Senna, logo após a sua morte, sobre Rubinho”. Pressão causada por problemas profissionais, “efeito contas a pagar”. Pressão causada pela ansiedade, “efeito frio na barriga”.

Se um esportista não conseguir trabalhar bem estas pressões ele não conseguirá bons resultados, mesmo sendo extremamente habilidoso. De duas uma: ou aprende a lidar com as pressões ou parte para uma atividade mais tranqüila, como pintar paisagens, por exemplo.
A pressão psicológica é um ingrediente natural da competição, o que é, para quem sabe lidar com isso, positivo, ou seja: um motivador para se obter uma boa performance.

Além deste aspecto, existe também o exercício de desligamento de tudo aquilo que não diz respeito à competição. Algumas dicas podem ajudar o piloto e o navegador a trabalhar este aspecto.

►Primeiro, procure chegar com antecedência à cidade que sediará a competição. É importante se ambientar com a cidade, o clima, o hotel, a cama do quarto, a comida, os horários, enfim, aquele novo ambiente. Evite chegar em cima da hora para a competição. Você precisa descansar primeiro para ficar relaxado para a prova.

►Depois, procure se ambientar com os roteiros de deslocamentos. Mesmo distâncias pequenas podem dar problemas. Basta ver que na etapa deste ano de Florianópolis uma dupla se perdeu durante um deslocamento e ficou de fora da primeira etapa da prova.

►Evite contatos com a empresa durante o fim de semana da prova. Notícias ruins detonam a concentração do piloto e navegador. O melhor mesmo é desligar o celular nestas ocasiões ou ter um número reservado para as pessoas mais próximas. Na década de oitenta, a Michelle Mouton liderava um rali no Quênia, em prova válida pelo Mundial de Rali. Durante a prova, ela foi informada que sua mãe falecera. Não deu outra: na especial seguinte, ela capotou com seu Audi Quattro.

►Finalmente, e mais importante: Se você for estreante em provas de rali ou em um novo carro, evite comparar tempos com os demais competidores. Esta tara de pilotos em comparar seu tempo pode ser danosa. Ano passado, no rali de Graciosa, em Curitiba, um piloto estreando num 4×4 resolveu comparar seu tempo com outros competidores com mais experiência neste tipo de equipamento, logo após a primeira especial. Infelizmente, na ânsia de tirar a diferença de alguns poucos segundos, encontrou o barranco pela frente! Ou seja: um rali de três dias acabou na segunda especial do primeiro dia por falta de controle psicológico.

Resumo da ópera: relaxe e faça o seu rali. Esqueça o mundo!

VEJA TAMBÉM

Preço Baixo: fuja dele!

“Gasolina abaixo de R$ 1,50 é um indício de que algo errado está acontecendo: ou há evasão ou há adulteração.” David Zylbersztajn – Presidente da

Leia Mais

Coluna do Marketing

Jornal Indústria e ComércioSegunda, 12 de Setembro de 1994.7ª edição da coluna – Página F1 Se marketing tem tudo a ver com mercado, vamos ver

Leia Mais

Deixe um comentário